Paredes da Liberdade (re)visitadas pelo fotógrafo Paixão Esteves
Há ‘Paredes da Liberdade’ a visitar, na Biblioteca Municipal Alves Mateus, até ao dia 29 de abril. A mostra fotográfica, de interesse documental, foi cedida ao Município pelo Centro de Documentação do 25 de Abril e traz a Santa Comba Dão imagens de coloridos murais pintados nas ruas logo após a revolução dos cravos. São imagens que contribuem para compor um retrato histórico de um país que proclamava Liberdade, “através de mensagens contra décadas de ditadura”.
O autor destas fotos, António Paixão Esteves visitou, a 16 de abril, a BMAM, para dar a conhecer um pouco da história por detrás destas paredes da liberdade. Ex-militar de Abril, não operacional, António Paixão Esteves relatou que estava em Angola no 25 de Abril de 1974 e que quando regressou ao Portugal viu um país cheio de pinturas. “Antes do 25 de abril, o país era cinzentão e não havia nada que desse expressão àquilo que as pessoas pensavam”, disse.
Paixão Esteves revelou, desde logo, que ficou fascinado com o “boom” de cor e de liberdade de expressão, e começou a fotografar estes murais, que, à época, se multiplicavam todos os dias. Foram os amigos que o incentivaram a continuar esta missão, sublinhando a importância das suas fotografias, enquanto documentos visuais da época. E o autor cumpriu a missão de fotografar murais de todo o país e de todos os partidos políticos, num total de 1220 imagens que celebram a democracia e a liberdade de expressão e pensamento.
Junto a alunos e professores da Universidade Sénior, turmas da Secundária de Santa Comba Dão e membros da comunidade, Paixão Esteves deu a conhecer os locais, as mensagens e os temas fortes destas pinturas, que surgiram como expressões vivas de uma liberdade há muito ansiada.
Numa sessão feita de partilhas, também o presidente da Assembleia Municipal, César Branquinho, falou dos direitos e das liberdades, que os jovens hoje dão como adquiridos, em oposição à privação desses mesmos direitos e liberdades antes do 25 de abril. E, apesar de “termos de ser responsáveis com a liberdade”, não há preço para a “liberdade de podermos expressar quem somos, de sentir aquilo que sentimos, de dizer aquilo que nos vai na alma”. “Que tenham entre vós este espírito livre, este espírito de amizade e de liberdade, que antes não existia” transmitiu aos jovens presentes.
Também Francisco Machado, professor da US, fez questão de partilhar alguns episódios da sua experiência enquanto jovem durante o regime do Estado Novo. Na memória dos presentes, ficaram as vivências, contadas na primeira pessoa, sobre a privação das liberdades, acerca da pobreza vigente e da ingerência do Estado nas mais diversas dimensões da vida.
A entoação, por todos os presentes, do tema/senha do 25 de abril ‘Grândola Vila Morena’, de Zeca Afonso marcou o final desta sessão, precedida por uma visita à exposição, que contou com a presença, entre outros, do presidente da Câmara Municipal, Leonel Gouveia e da vereadora Carla Cunha, bem como da deputada do PSD na Assembleia Municipal, Rute Basílio.