Inauguração da exposição de Manuel Brito sobre as “Operações Guarda e Maio-Nordeste – Campanhas de Dinamização Cultural do Movimento das Forças Armadas”
No dia 2 de abril, foi inaugurada, na Biblioteca Municipal, a exposição fotográfica de Manuel Brito sobre as “Operações Guarda e Maio-Nordeste – Campanhas de Dinamização Cultural do Movimento das Forças Armadas (MFA)”, com a presença do autor, do presidente da Câmara Municipal de Santa Comba Dão, Leonel Gouveia e de alunos da Escola Secundária e da Universidade Sénior, entre outros participantes.
Enquadrada no âmbito da Semana da Leitura Concelhia, a exposição – de elevado interesse documental, histórico e sociológico – resulta da colaboração entre a Rede de Bibliotecas de Santa Comba Dão (RBSCD) e o Centro de Documentação (CD 25 de Abril) 25 de Abril*, podendo ser visitada até ao dia 31 de maio, de segunda a sexta-feira, no horário compreendido entre as 09h30 e as 17h00.
A seleção, apresentação e legendagem das fotografias da mostra é da responsabilidade de Manuel Brito que, em 1975, participou nas Campanhas de Dinamização Cultural do MFA, levadas a cabo por todo o país, após o 25 de Abril de 1974, para informar as populações, fora do ambiente urbano, sobre a razão de ser da mudança de regime. O grande objetivo destas Campanhas foi “colocar as Forças Armadas ao serviço de um projeto de desenvolvimento do povo português”, destinando-se ainda a “preencher o vácuo cultural e de informação política existente em todo o país”.
Com as fotografias que captou durante algumas destas Campanhas de Dinamização Cultural, Manuel Brito evoca estes acontecimentos marcantes e o seu significado numa época de mudança profunda. Embora tenha colaborado, em 1975, em várias Campanhas, e em diferentes regiões, foi em Vinhais que permaneceu mais tempo. Nesta seleção de 40 fotografias, apresentada na Biblioteca Municipal, as imagens reportam, precisamente, às Operações Guarda e Maio-Nordeste (que compreendeu a antiga província de Trás-os-Montes).
Manuel Brito recordou que em 1975 era um jovem técnico da Direção-Geral de Desportos que partiu para esta região do interior, para coordenar equipas do MFA que se dedicaram à dinamização desportiva, numa ação que abrangeu escolas, localidades e comunidades. Desprovidas de equipamentos e de espaços vocacionados para a prática desportiva, as aldeias e escolas da região viram nascer, com a ajuda da comunidade e dos pais dos alunos, campos de futebol e outras áreas desportivas e lúdicas, que foram dotados de equipamentos construídos com materiais simples, como madeira, cordas e pneus.
Manuel Brito recordou a alegria de algumas das crianças da época, quando tomaram contacto, pela primeira vez, com alguns dos poucos equipamentos “formais”, que os militares do MFA distribuíram, como bolas de futebol. “Quando levávamos o saco das bolas, aquilo era uma loucura, eles não conheciam [só conheciam as trapeiras]”. “Eram tempos muito difíceis disse, enquanto fez uma visita guiada pela exposição, contando histórias e elencando factos que fizeram os dias daqueles tempos de mudança.
Uma das principais mensagens que passou aos interlocutores – jovens e menos jovens – foi a de que “o desporto é um instrumento muito poderoso de paz e de entendimento entre pessoas”, referindo que a prática desportiva “abre muitas portas”, sendo um símbolo universal da concórdia e alegria.
Também o presidente da Câmara, Leonel Gouveia, falou da importância das campanhas do MFA para o aumento da participação política e pública dos portugueses do interior, que desconheciam, em grande parte, a mudança operada e os mecanismos de participação, agradecendo a Manuel Brito a partilha da vivência desses tempos.
* Em 2013, Manuel Brito doou ao Centro de Documentação 25 de Abril, a coleção de diapositivos com fotografias das Operações do MFA, tendo em vista a sua preservação e conservação digital.